Quem afundou <br>a <i>Cerâmica de Valadares</i>?
O fim, para o qual a Cerâmica de Valadares parece caminhar, tem responsáveis bem identificados que contribuíram largamente para afundar uma fábrica com mais de 90 anos de história e aniquilar mais de 300 postos de trabalho – afirma a Comissão Concelhia de Vila Nova de Gaia do PCP. Num comunicado que divulgou dia 21, são acusados: sucessivos governos PS, PSD e CDS, que tudo exigem aos trabalhadores e ao povo, sendo complacentes com o patronato; uma administração com práticas recorrentes de má gestão e até fraude; um Executivo camarário que sustentou um jogo especulativo de valorização dos terrenos e que fugiu sempre a cumprir atempadamente as promessas feitas aos trabalhadores.
A Concelhia de Gaia reafirma-se solidária com a luta desenvolvida por todos os trabalhadores da Cerâmica, pela sua coragem, firmeza, combatividade e determinação na defesa dos salários, dos postos de trabalho e dos direitos – uma luta que continua já no próximo sábado, no Terreiro do Paço.
Reportando-se ao passado mais recente, o PCP regista que continuam impunes os comportamentos criminosos da administração, a qual insistiu em mentir aos trabalhadores, dizendo que a empresa não estava falida e havia investidores, até que, há duas semanas, apresentou um pedido de insolvência. Haverá, pelo menos, 117 milhões de euros em dívidas, sobretudo à Segurança Social e ao Fisco, e está penhorado um armazém, contíguo ao terreno da fábrica, e o respectivo recheio, com venda marcada para Novembro, por menos de 300 mil euros.
A criminalização da administração foi exigida no dia 19, quarta-feira, quando uma delegação dos trabalhadores e da Feviccom/CGTP-IN se reuniu com um representante do ministro Mota Soares. Nessa tarde, 102 trabalhadores saíram de Vila Nova de Gaia, para se concentrarem na Praça de Londres. A coordenadora da federação informou que o Governo não assumiu qualquer compromisso. O secretário-geral da CGTP-IN exigiu uma intervenção do ministro, havendo ou não o relatório que a ACT se comprometera a apresentar havia já 15 dias, porque se trata da Segurança Social e de dinheiro que é dos trabalhadores.